sábado, 16 de maio de 2009

“A informação é negada como direito ao povo”

Ligado ao núcleo de comunicação da Rede de Educação Cidadã no Distrito Federal, Marcus Aurélio Dantas da Silva, 24 anos, concedeu essa entrevista ao blog da RECID-DF. Morador de Samambaia-DF, uma das 2... cidades satélites dos Distrito Federal, e também mc do Projeto Aborígene do Hip Hop, Markão, como é conhecido, falou de experiências de comunicação popular que estão dando certo e que elas fazem um confronto com a mídia tradicional, dando voz e vez ao povo. Confira, a seguir, parte desta entrevista.

Blog: O que a comunicação popular propõe?
Marcus Aurélio Dantas da Silva: A comunicação popular comunica a liberdade que é comum a todos os seres e espécies. Todos os seres se comunicam, por exemplo, os bebês se comunicam com os pais pelo choro. Nós, em todos momentos, buscamos a liberdade, isso é uma coisa natural no homem, de se comunicar. E a educação popular vem mostrar que todos tem essa capacidade de comunicar. Ao contrário do que os donos da mídia pensam o seringueiro, o morador e moradora de rua têm um comunicar e um saber e um conhecimento da realidade.

Blog: Qual a importância da comunicação popular para a educação popular?
Markão: Quando a gente une a educação popular com a comunicação popular isso vem quebrar paradigmas e estereótipos. Isso apresenta saberes que não são nossos, socializa não para dividir mas para acrescentar. A proposta desse curso de formação em comunicação foi uma escolha, não só da coordenação, mas que todos e todas os participantes votaram, na última etapa, para que fosse esse tema. A gente ainda percebe que os movimentos sociais têm essa dificuldade de socializar as atividades, a sistematização. A comunicação vem desse ato de se comunicar entre as entidades para potencializar as ações.

Blog: Qual a diferença da comunicação popular com a grande mídia?
Markão: A Mídia hoje retrata o número de calçado que o artista da Globo tem, mostra por exemplo na novela uma Índia elitizada fora da realidade da própria Índia. Não se vê protagonistas negros nas novelas. A comunicação popular vem confrontar essa mídia dando voz e vez aqueles a quem a elite da mídia não dá. A comunicação popular é um movimento profético e libertador, que aproveita a sabedoria e cultura populares, como por exemplo: Hip Hop e outros. Ela não distorce a informação que é dada, mas faz uma análise de conjuntura com base na realidade de cada um.

Blog: Como a comunicação pode fortalecer a Educação popular? E quais têm dado certo?
Markão: Existem várias linhas de comunicação Popular mais o que é mais forte é o resgate das experiências de vida. A comunicação dentro da educação popular ajuda a mobilizar e integrar as ações desenvolvidas. Muitos mártires só são conhecidos após a sua morte. O papel da Rede é dar visibilidade aos lutadores em vida. Hoje o poder não é o dinheiro é a informação, que é negada ao povo como direito. Existem várias experiências que estão dando certo como: blogs, software livres, rádios comunitárias, como a Rádio Favela em Belo Horizonte, fanzines, jornais comunitários e programas de rádio web. De forma ainda tímida a Recid vem se apropriando dessas alternativas para se comunicar.

Repórteres: Calimério Júnior, Carleane Fernandes de Sousa e Jacqueline Chaves.

Participantes avaliam o encontro de mística e comunicação popular




Segundo o participante Pedro Cesar Batista, 45 anos, jornalista e assessor de comunicação do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que congrega mais de 600 organizações que atuam na Amazônia Legal, esse encontro ajuda a resgatar a esperança e fortalece a utopia na construção de um mundo mais justo, humanista e fraterno.
A formação é importante sobretudo para não deixar que a juventude seja manipulada pelos valores burgueses propagados diariamente pela mídia, afirma. “Foi um dia no qual aprendi bastante e poderei contribuir de uma maneira mais qualificada junto aos meus companheiros(as)”, diz.
Para ele, que cristão e católico e também marxista, o debate sobre a mística considera que uma coisa não contradiz a outra pois o sonho tanto do marxismo quanto do cristianismo é o mesmo. “A mística é a energia que alimenta a luta por um mundo novo”,afirmou.
Naila Rodrigues Carvalho, 16 anos, estudante e membro da Pastoral da Juventude Zacariana, tinha expectativas para conhecimento pessoal e para ajudar o movimento no qual participa.
Para Alex Matins Silva, 28 anos, educador popular, da Família Hip Hop e membro do núcleo de comunicação da Recid-DF, o curso foi bacana porque ajudou a esclarecer o que a vivência da mística e da comunicação popular empodera a comunidade. Ele disse que o conhecimento nas oficinas vai ajudar e melhorar a comunicação na Recid-DF.

Educadores(as) populares do DF e entorno aprofundam os temas mística e comunicação popular

Com o tema “Mística e Comunicação Popular”, a Rede de Educação Cidadã, no Distrito Federal, realizou a 3ª etapa do curso de formação de educadores, nos dias 16 e 17 de maio, na Casa de Retiro Assumpção, em Brasília-DF, com aproximadamente 35 participantes.

Segundo Silvia Regina Brandão Salim, 37 anos, educadora popular e membro da coordenação executiva da Recid no DF, o objetivo deste curso é capacitar e formar novas lideranças e fortalecer o trabalho dos(as) educadores(as).

Resultado de um planejamento da Rede no DF, esse curso foi pensado em três etapas, sendo que os educadores já aprofundaram os temas “Projeto Popular para o Brasil e Projeto Político Pedagógico da Recid” e a “Metodologia da Análise de Conjuntura” nas etapas anteriores.

Além de aprofundar o conceito de mística, os educadores, na 3ª etapa, participaram de oficinas de comunicação popular: estêncil e grafite, texto informativo e rádio comunitária.

Marcel Franco Araújo Farah, 26 anos, educador popular e membro do Talher Nacional, ressalta que o mais importante, com cursos como esse, é que a Recid seja um instrumento para fortalecer os movimentos sociais e populares. “Esse curso também é para ajudar a melhorar a comunicação dentro e fora da Recid”, afirmou. Para o membro do Talher Nacional, a mística, como ajudou a aprofundar o encontro, faz parte de todo o processo a ser vivido na Rede.

O facilitador da oficina de rádio comunitária, Francisco Sérgio Nogueira Filho (Chico Nogueira), 42 anos, músico do grupo Mambembricantes, disse que quando a comunidade e o povo assumem para si tarefa de produzir a comunicação é uma forma deles próprios contarem a sua história. “A comunicação é fundamental para a libertação das comunidades que são oprimidas”, disse.

Diferentes grupos e movimentos sociais participaram deste encontro: hip hop, pastoral da juventude Zaccariana, Casa de Moisés, Ninhos dos Artistas, Vida e Juventude, Mambembrincantes, Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, Associação de Moradores Força e União, Família Hip Hop, Maracatu e Côco do Cerrado, Rede e Grupo de Trabalho Amazônico.

Repórteres: Cícera Ribeiro da Silva, Kátia Fernandes de Paula, Katiane Fernandes de Paula, Núbia Kênia da Silva Damasceno

terça-feira, 5 de maio de 2009

Origem do 1º de Maio

Um dia de rebelião, não de descanso! Um dia não ordenado pelos indignos porta-vozes das instituições, que trazem os trabalhadores encadeados! Um dia no qual o trabalhador faça suas próprias leis e tenha o poder de executá-las! Tudo sem o consentimento nem a aprovação dos que oprimem e governam. Um dia no qual com tremenda força o exército unido dos trabalhadores se mobilize contra os que hoje dominam o destino dos povos de todas as nações.
Um día de protesto contra a opressão e a tirania, contra a ignorância e as guerras de todo tipo. Um día para começar a desfrutar de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas para o que nos der gana.
(Panfleto que circulava em Chicago em 1885)

4 de maio de 1886, Praça de Haymarket, ChicagoA cada ano, o 1o de Maio rememora o assassinato de cinco sindicalistas norte-americanos, em 1886, numa das maiores mobilizações operárias celebradas naquele país, reivindicando a jornada laboral de oito horas.

Em julho de 1889, o I Congresso da II Internacional acordou celebrar o 1o de Maio como jornada de luta do proletariado de todo o mundo e adotou a seguinte resolução histórica: “Deve organizar-se uma grande manifestação internacional numa mesma data de tal maneira que os trabalhadores de cada um dos países e de cada uma das cidades exijam simultaneamente das autoridades públicas limitar a jornada laboral a oito horas e cumprir as demais resoluções deste Congresso Internacional de Paris”.

Como em outras partes do mundo, a situação dos trabalhadores nos Estados Unidos no final do século XIX era muito difícil. Sem embargo, emigrantes de diversos países europeus iam para lá em busca de uma melhor situação econômica. Em 1886, um escritor estrangeiro retratou Chicago assim: “Um manto abrumador de fumo; ruas cheias de gente ocupada, em rápido movimento; um grande conglomerado de vias ferroviárias, barcos e tráfico de todo tipo; una dedicação primordial ao Dólar Todo-poderoso”. Era uma cidade com um proletariado de imigrantes, arrastado pelo capitalismo para a periferia duma cidade industrial. A grande maioria dos proletários, especialmente em cidades como Chicago, eram da Alemanha, da Irlanda, da Boêmia, da França, da Polônia ou da Rússia. Ondas de operários lançados uns contra os outros, comprimidos em tugúrios e açodados por guerras étnicas. Muitos eram camponeses analfabetos, mas outros já estavam temperados pelas lutas de classes.

No inverno de 1872, um ano depois da Comuna de Paris, em Chicago, milhares de operários sem lar e famintos por causa do grande incêndio, fizeram manifestações pedindo ajuda. Muitos levavam cartazes nos quais estava inscrita a consigna “Pão ou sangue”. Receberam sangue. A repressão policial os obrigou a refugiar-se no túnel sob o rio Chicago, onde foram tiroteados e golpeados.

Em 1877, outra grande onda de greves se estendeu pelas redes ferroviárias e desatou greves gerais nos centros ferroviários, entre eles Chicago, onde as balas da polícia dispersaram as enormes concentrações de grevistas daquele ano.

Daquelas lutas nasceu uma nova direção sindical, especialmente de imigrantes alemães, conectados com a I Internacional de Marx e Engels. O proletariado alemão tinha uma contagiosa consciência de classe: aprendida, moldada por uma experiência complexa, profundamente hostil ao capitalismo mundial. Como todos os revolucionários, eram odiados, temidos e difamados ao mesmo tempo. A seu lado estava um lutador oriundo dos Estados Unidos, Albert Parsons. Assim se deu uma fusão da experiência política de dois continentes, do tumulto da Europa e do movimento contra a escravidão dos Estados Unidos. Nos agitados anos da emancipação dos escravos, Parsons fora um republicano radical que havia desafiado a sociedade texana burguesa casando-se con uma escrava mestiça liberta, Lucy Parsons, que chegou a ser uma figura política por si mesma. Albert Parsons militou muito tempo na Liga das Oito Horas, mas até dezembro de 1885 escrevera em seu jornal Alarma: “A nós, da Internacional [fazia referência à anarquista IWPACOR] nos perguntam com frequência por que não apoiamos ativamente o movimento da proposta de oito horas. Coloquemos a mão naquilo que podemos conseguir, dizem nossos amigos das oito horas, por que se pedimos demais poderíamos não receber nada. Contestamos: porque não fazemos compromissos. Ou nossa posição de que os capitalistas não têm nenhum direito à posse exclusiva dos meios de vida é verdade ou não é. Se temos razão, reconhecer que os capitalistas têm direito a oito horas de nosso trabalho é mais que um compromisso; é uma virtual concessão de que o sistema de salários é justo”. A imprensa anarquista sustentava: “Ainda que o sistema de oito horas se estabelecesse nesta tardia data, os trabalhadores assalariados... seguiriam sendo os escravos de seus amos”.

Após recuperar-se dos acontecimentos de 1877, o movimento operário se propagou como um incêndio incontrolável, especialmente quando se concentrou na demanda da jornada de oito horas.

Naquela época, havia duas grandes organizações de trabalhadores nos Estados Unidos. A Nobre Orden dos Cavalheiros do Trabalho (The Noble Orden of the Knights of Labor), majoritária, e a Federação de Grêmios Organizados e Trade-uniões (Federation of Organized Traders and Labor Union). No IV Congresso desta última, celebrado em 1884, Gabriel Edmonston apresentou uma moção sobre a duração da jornada de trabalho, que dizia: “Que a duração legal da jornada de trabalho seja de oito horas diárias a partir do 1o de Maio de 1886”. A moção foi aprovada e se converteu numa reivindicação também para outras organizações não afiliadas ao sindicato.

No 1o de Maio de 1886, os trabalhadores deviam impor a jornada de oito horas e fechar as portas de qualquer fábrica que não a aceitasse. A demanda de oito horas se transformaria, de uma reivindicação econômica dos trabalhadores contra seus patrões imediatos, na reivindicação política duma classe contra outra.

O plano recebeu uma tremenda e entusiástica acolhida. Um historiador escreve: “Foi pouco mais que um gesto que, devido às novas condições de 1886, se converteu numa ameaça revolucionária. A efervescência se estendeu por todo o país. Por exemplo, o número de membros da Nobre Ordem dos Cavalheiros do Trabalho subiu de 100.000 no verão de 1885 para 700.000 no ano seguinte”.

O movimento das oito horas recebeu um apoio tão caloroso porque a jornada de trabalho típica era de 18 horas. Os trabalhadores deviam entrar na fábrica às 5 da manhã e retornavam às 8 ou 9 da noite; assim, muitos trabalhadores não viam sua mulher e seus filhos à luz do dia. Os operários, literalmente, trabalhavam até morrer; sua vida era conformada pelo trabalho, por um pequeno descanso e pela fome. Antes que os trabalhadores como classe pudessem levantar a cabeça em direção a horizontes mais distantes, necessitavam momentos livres para pensar e formar-se.
Nas ruas, trabalhadores rebeldes cantavam:

Nós propomos refazer as coisas.
Estamos fartos de trabalhar para nada,
escassamente para viver,
jamais uma hora para pensar.

Antes da primavera de 1886 começou uma onda de greves em escala nacional. “Dois meses antes do 1o de Maio”, escreve um historiador, “ocorreram repetidos distúrbios [em Chicago] e se viam com frequência veículos cheios de policiais armados que corriam pela cidade”. O diretor do Chicago Daily News escreveu: “Se predizia uma repetição dos motins da Comuna de Paris”.

Em fevereiro de 1886, a empresa McCormick, de Chicago, despediu 1.400 trabalhadores, em represália a uma greve que os trabalhadores da empresa, dedicada a fabricar máquinas agrícolas, haviam realizado no ano anterior. Os Pinkertons, uma espécie de polícia privada empresarial, vigiavam todos os passos dos grevistas, foram contratados muitos espiões, mas a greve durou até o 1o de Maio. Ao manter-se a greve e aproximar-se a data chave que o IV Congresso havia sinalizado, ia-se associando a idéia de coordenar essas duas ações.

Nesse dia, 20.000 trabalhadores paralisaram em distintos Estados, reivindicando a jornada de oito horas de trabalho. Os trabalhadores em greve da empresa McCormick também se uniram ao protesto.

O 1o de Maio era o dia chave para exigir o novo horário; todos os comentários e expectativas estavam centralizadas naquela data, e se aproveitou mais ainda o descontentamento dos trabalhadores e a greve de Chicago.

Naquele dia os operários dos maiores complexos industriais dos Estados Unidos declararam uma greve geral. Exigiam a jornada laboral de oito horas e melhores condições de trabalho.

A imprensa burguesa reagiu contra os protestos dos trabalhadores; por exemplo, nesse mesmo dia o jornal New York Times dizia: “As greves para obrigar o cumprimento da jornada de oito horas podem fazer muito para paralisar a indústria, diminuir o comércio e frear a renascente prosperidade do país, mas não poderão lograr seu objetivo”. Outro jornal, o Philadelphia Telegram disse: “O elemento laboral foi picado por uma espécie de tarântula universal, ficou louco de remate. Pensar nestes momentos precisamente em iniciar uma greve para conquistar o sistema de oito horas...”.

Esse Primeiro de Maio de 1886 foi tão agitado como se havia prognosticado. Realizou-se uma greve geral em Wilkawee, onde a polícia matou 9 trabalhadores. Em Louisville, Filadelfia, San Luis, Baltimore e Chicago, produziram-se enfrentamentos entre policiais e trabalhadores, sendo o ato desta última cidade o de maior repercussão. Chicago, onde também estava a greve dos trabalhadores da empresa McCormick, foi o símbolo da luta e do sacrifício dos trabalhadores. Ali os acontecimentos foram especialmente trágicos. Para reprimir os grevistas, a burguesía urdiu uma provocação: em 4 de maio, na praça de Haymarket, onde se celebrava uma maciça assembléia operária, explodiu uma bomba. Era a senha para que os policiais da cidade e os soldados da guarnição local abrissem fogo contra os grevistas.

Os acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos em maio de 1886 tiveram uma imensa repercussão mundial. No ano seguinte, em muitos países os operários se declararam em greve simultaneamente, símbolo de sua unidade e fraternidade, passando por cima de fronteiras e nações, em defesa de uma mesma causa.

Como resultado da greve, os patrões fecharam as fábricas. Mais de 40.000 trabalhadores se puseram em pé de guerra. Começou una repressão maciça não só em Chicago, principal centro do movimento grevista, senão que também por todo os Estados Unidos. A burguesia desatou uma de suas típicas campanhas de propaganda de ódio contra a classe operária e os sindicatos. Aos operários, os encarceravam às centenas.

Em 21 de junho de 1886, teve início o processo contra 31 responsáveis, que logo foram reduzidos a 8.

O sistema judicial fez o resto: passou por cima de sua própria legalidade e, sem prova nenhuma de que os acusados tivessem algo a ver com a explosão em Haymarket, ditou uma sentença cruel e infame: prisão e morte.
Prisão

• Samuel Fielden, inglês, 39 anos, pastor metodista e operário têxtil, condenado à cadeia perpétua.
• Oscar Neebe, estadunidense, 36 anos, vendedor, condenado a 15 anos de trabalhos forçados.
• Michael Swabb, alemão, 33 anos, tipógrafo, condenado à cadeia perpétua.
Morte na forca
Em 11 de novembro de 1887, consumou-se a execução de:

• Georg Engel, alemão, 50 anos, tipógrafo.
• Adolf Fischer, alemão, 30 anos, jornalista.
• Albert Parsons, estadunidense, 39 anos, jornalista, esposo da mexicana Lucy González Parsons, ainda que se tenha provado que não esteve presente no lugar, entregou-se para estar com seus companheiros e foi igualmente condenado.
• Hessois Auguste Spies, alemão, 31 anos, jornalista.
• Louis Linng, alemão, 22 anos, carpinteiro, para não ser executado suicidou-se em sua própria cela.

Aquele crime legal tinha um só objetivo: não permitir que se extendessem os protestos operários e atemorizar os operários por muito tempo. Um capitalista de Chicago reconheceu: “Não considero que essa gente seja culpada de delito algum, mas deve ser enforcada. Não temo a anarquía em absoluto, posto que se trata de um esquema utópico de uns poucos, muito poucos loucos filosofantes e, ademais, inofensivos; mas considero que o movimento operário deve ser destruído”.
Principais declarações dos processados:

-Albert Parsons: “Nos Estados do sul meus inimigos eram os que exploravam os escravos negros; nos do norte, os que querem perpetuar a escravidão dos operários”.
-August Spies: “Neste tribunal eu falo em nome duma classe e contra outra”.
-George Engel: “Todos os trabalhadores devem preparar-se para uma última guerra que porá fim a todas as guerras”.
-Adolph Fischer: “Sei que é impossível convencer os que mentem por oficio: os mercenários diretores da imprensa capitalista, que cobram por suas mentiras”.
-Luis Lingg: “Os Estados Unidos são um país de tirania capitalista e do mais cruel despotismo policialesco”.
-Michael Schwab: “Milhões de trabalhadores passam fome e vivem como vagabundos. Inclusive os mais ignorantes escravos do salário se põem a pensar. Sua desgraça comum os move a comprender que necessitam unir-se e o fazem".
-Samuel Fielden: “Os operários nada podem esperar da legislação. A lei é somente um biombo para aqueles que os escravizam”.
-Óscar Neebe: “Fiz o quanto pude para fundar a Central Operária e engrossar suas fileiras; agora é a melhor organização operária de Chicago; tem 10.000 afiliados. É o que posso dizer de minha vida operária”.